É uma verdade inquestionável que homens e mulheres reagem de forma diferente a desgosto de amor… ou à falta dele!
Se estivéssemos numa acção de formação sobre os tipos de homens, esta vossa Tia, versão prof., diria que se apresentam sob duas ramificações opostas e antagónicas, sendo que de uma forma simplista se podem classificar como “sossegados” ou “índios”. Os “sossegados” ora são chatos, ora obsessivos, mas estão sempre prontos a serem consumidos a belo prazer das meninas. Já os índios, caracterizam-se por um excessivo rodopio e movimento de fuga, sendo que quando as piquenas se preparam para “atacar a iguaria”, em vez de gritos de guerra, desmontam a tenda e vão para outra “pradaria”.
Independentemente da categoria, é verdade que os meninos são mais frios, mais pragmáticos: a coisa não corre bem, têm pena, mas encolhem os ombros e não olham para trás. Ainda que fiquem a remoer, são dotados de uma capacidade quase inata de transformar um sentimento em pensamento e… Ala que se faz tarde! Já as meninas têm pena, com as penas transformam-se em galinhas e rodopiam que nem umas tontas, ficando presas no limbo do passado, o qual é revivido em sonantes cacarejos entre amigas.
Minhas queridas, se é um facto que uma grande paixão pode provocar uma grande adição, qual a lógica de tratar os sintomas em vez de implementar a cura?
Uma das grandes qualidades dos piquenos, e temos que o reconhecer, é a clareza de sentimentos. Por oposição ao género feminino, eles não se deixam consumir por ilusões: ou gostam ou não gostam, ou querem estar com as meninas ou não querem, ou estão apaixonados e dão a volta ao mundo em menos de 80 dias, ou não o estão e nem sequer atendem o telemóvel. È incontestável que, em geral, jogam preto no branco, deixando uma escassa margem para ambiguidades. Mesmo que as “origens” sejam carnais – porque é assim que funcionam – rapidamente se definem: ou se apaixonam, ou se desinteressam.
Neste último cenário, muitas das meninas, ora achacadas por um ataque de cegueira, ora por uma boa dose de inconformismo, ou por burrice MESMO – há que dizê-lo - envolvem-se em esquemas quase que diabólicos, numa tentativa desenfreada de os reconquistarem. Minhas queridas, poupem-se e conduzam tal dose de energia na reedificação da vossa autoestima, ou “autoesgrima” como diz o outro. Garanto que terá efeitos bem mais “produtivos”!
Quem quer mesmo desistir tem que conseguir “cortar o mal pela raiz”, antes que os laços se tornem nós à volta do pescoço – e do coração!
Queridérrimos distraídos, bom dia! Horas de acordar. Mas a Tia explica tudo…
Quando uma piquena se começa a “embonecar” sem razão aparente, meus queridos, há 50% de possibilidades de ela já ter outro em vista, e outros 50% de já o ter MESMO. Porque acham, os meninos, que a piquena iria fazer as pinturas de guerra se não houvesse um lonesome cowboy ao alcance do seu arco?
Devem vigiar, mesmo as mais insignificantes manifestações de coquetismo. O amor é cego e os meninos julgam-se suficientemente viris para guardarem a bengala de cegos. O cabelo, por exemplo, é um detalhe ao qual os homens raramente prestam atenção. Mas a Tia presenteia-os com um resumo: se a piquena cortar o cabelo na base da nuca, meus queridos, há “mouro” na costa, mas ainda não se trata do golpe final. Se ela fizer madeixas, bem podem começar a roer as unhas. Mas se a opção passar por uma cor no cabeleireiro, sobretudo se for louro ou vermelho, então já nem a corporação inteira de bombeiros é suficiente para “apagar o fogo”.
Se, de repente, ela se lhes apresentar com uma mini-saia bem justa quando, até então, a sua maior ousadia não passava de umas t-shirts Gap, ou dos estampados da Laura Ashey semeados de malmequeres, meus queridos eis uma boa razão para franzirem o sobrolho. E se tal mudança for acompanhada de uns rodopios frenéticos ao espelho, sendo que todas as “toilettes” apresentam defeitos variados, bem podem franzir o outro sobrolho. O espelho – o menino já deveria ter percebido a extrema importância deste na vida de uma mulher – reflecte, com exactidão, o seu estado de espírito. Ao que consta, só os espelhos se mantém fieis durante a sua vida!
E não esqueçam, nunca, a roupa interior. Se a piquena era do género collants e calcinhas “petit-bateau” e, miraculosamente, começa a implorar às amigas que a convidem para passagens de modelos de lingerie mais ousada, há razão para alarme pois, sem dúvida, deu-se início a uma qualquer parada de sedução. E se há OUTRO nas “redondezas”, verá como em breve irá enriquecer o seu guarda roupa com um acessório muito feminino: o body. E persigam, sobretudo, os cintos de ligas pretas. Apesar do seu ar inofensivamente brejeiro, é um atavio criminoso, responsável pela “morte” de muitas relações – e o ressuscitar de muitas outras, obviamente! E se, além disso, encontrar um baton “rouge baiser”, aquele que ficou famoso por “Pôr os lábios vermelhos, mas não deixar marcas quando se beija” queriduxo, pare pois está perante uma associação de malfeitores!
O telemóvel, aquele instrumento terrivelmente perigoso que, sob a aparência de libertar a mulher activa, a escraviza ainda mais, obrigando-a a dar resposta aos seus problemas profissionais a todas as horas do dia… e da noite… Uma autêntica bomba antipessoal. Ainda por cima, ao retardador… A prova vem num qualquer domingo, na casa de campo de uns amigos, quando o dito explode no preciso momento em estão todos tranquilamente a repousar no relvado. Uma explosão infernal, que fez toda a gente cair das cadeiras de lona e a entornar as chávenas de café. Era o John (nome muito popular em Portugal), o seu chefe, que queria saber se ela tinha preparado o relatório para a reunião do dia seguinte. E, de repente, interrupção precipitada de programa – ela tem que ir para casa!
Pois é… maldita independência feminina que, por vezes, devolve a disfunção hormonal exactamente na mesma moeda! Já não somos obrigadas a contentarmo-nos com o que os meninos estão dispostos a proporcionar-nos. Exigimos na exacta proporção do que nos é exigido… e qualidade de vida, meus queridos, é um conceito universal…
Quando o assunto é amor, e no que toca a exibição de bíceps e até tríceps, os meninos são, de facto exímios, mas quando são necessários fórceps de manutenção “conjugal”, de súbito o exemplar macho recolhe toda a sua artilharia de sedução, recolhendo-se na sua carapaça.
Quando se trata de conquistar uma mulher, podemos observar autênticas audácias caricatas tais como o envio de flores com cartões vermelhos e cheios de coraçõezinhos (as flores, aceitam-se, agora os adereços ao bom estilo adolescente….) ou manifestações ao bom estilo “chuva de estrelas”, trauteando-lhes uma música do Júlio Iglesias, com sotoque espanholês, olhos semicerrados e mão sobre o fígado, como se estivessem a ser atacados por uma violenta crise hepática. Existem, de facto, muitas variações, dependendo do estilo que o nosso sedutor adopte: o eterno carinhoso e romântico que acabou de encontrar a mulher da sua vida (sendo que presa, seria, a palavras mais adequada), o realista e sincero que nunca se apaixonou desta forma por mulher alguma até ter tido um choque frontal com as meninas, o frio e calculista, que não adopta qualquer estilo sem antes se aperceber do que as meninas querem exactamente ouvir… enfim, parecem tantas as variações, pese embora os fins sejam sempre os mesmos – uma bela caçada, sendo que às meninas não lhes devem restar quaisquer dúvidas de que apenas são o troféu!
Sejamos realistas. Os homens adoram o que ainda não têm ou o que já não têm, acabando sempre por se desfazerem do que têm. Exagero? De todo, minha queridas… o que as meninas necessitam é de serem confrontadas com uma boa dose de realismo! Ainda existem os mais conscientes e que se apercebem que o barco da vossa relação está a meter água, mas nada fazem para calafetar as brechas. Limitam-se a comportarem-se tal qual aqueles comandantes corajosos que se afundam com o seu navio, sendo que, em vez de encararem os problemas de frente, tiram coordenadas do cometa com o seu sextante!
Pois é, meus queridos… as estatísticas não se aplicam apenas aos outros e mais tarde ou mais cedo elas acabarão por desferir o golpe da misericórdia. E nada mais restará aos meninos abandonados do que a possibilidade de fazer uma manif, uma especialidade muito em voga: desfilar com um cartaz “querida regressa!”. Se optarem por acampar frente à porta dela, poderão reunir um mar de gente à vossa volta, e na esperança de que os media, sempre dispostos a mais uma reportagem absurda, lhes permitam emitir um comunicado em difusão nacional. Também poderão intentar uma greve de fome no adro da igreja da cidade, o que é uma especialidade hexagonal, apesar de não estar muito in e provoca mesmo assim muita fome… acreditem!
Os homens acham que têm sempre a vida à sua frente e que podem aproveitar para vivê-la. Até aqui, nada a apontar, excepto a certeza de que poderão percorrer milhões de kilómetros sem empanarem por falta de combustível amoroso, simplesmente porque um dia as meninas disseram “SIM”. E mesmo tratando-se de homens pensantes, nem sempre reflectem ao mesmo tempo que pensam. Caso contrário, certamente, estariam mais atentos ao facto de terem perdido a “bagagem” pelo caminho.